PÁGINA DE IMPRENSA DE PEDRO LARANJEIRA 1 setembro 2007

mens sana in corpore sano

por  Pedro Laranjeira

"Que espírito será tão cego e vazio que não entenda que o pé humano é mais nobre que o sapato que o calça, e que a pele humana é mais bela que as vestes com que a cobrimos"
Miguel Angelo (1475-1564)

Ser naturista é mais uma filosofia de vida que uma prática social, embora conjugue as duas.

O naturista não defende um regresso utópico às origens, mas um posicionamento saudável no eco-sistema a que pertence. É no equilíbrio dessa posição que reside a sua filosofia e a sua atitude perante a natureza, o corpo e os outros, optando pela vivência do lado natural das coisas, ajudando a enquadrá-la - e a enquadrar-nos - na moldura cada vez mais difícil de uma vida sintética, plástica e divorciada da terra.

O naturista defende processos naturais, sempre que eles possam substituir-se aos artificiais. Está atento a fenómenos como naturopatia, yoga, alimentação natural, protecção do meio ambiente, exercício físico, enfim, aquilo que conduz a uma "mens sana in corpore sano".

Assistimos a um crescimento imparável do naturismo na Europa, como fenómeno social, desportivo e cultural, já com décadas de história e organização, mas não temos promovido suficientemente as maravilhas naturais do nosso próprio país, para benefício daqueles que buscam um contacto saudável com a natureza.

O naturismo português tem surgido espontaneamente por iniciativa e prática individual dos que perfilham estes princípios, sem que haja um polo de referência razoavelmente organizado para mediar informações ou congregar pessoas com objectivos idênticos, salvo raras e pontuais excepções.

O nudismo, fortemente associado aos movimentos naturistas, é uma consequência óbvia e a face visível das práticas de convívio com a natureza. Porém, nem todos os nudistas são naturistas, nem todos os naturistas são nudistas. Razões culturais levam muita gente que defende uma vida baseada em princípios naturais a não se sentir confortável sem roupa. A esses, deve-se o respeito e a tolerância a que têm direito.

Sobre este assunto, resultaria interessante citar a máxima de Engels (1820-1895) que diz "a minha liberdade acaba onde começa a tua" e também a frase de Miguel Angelo (1475-1564) "Que espírito será tão cego e vazio que não entenda que o pé humano é mais nobre que o sapato que o calça, e que a pele humana é mais bela que as vestes com que a cobrimos"...

NUDISMO vs  NATURISMO

Faz-se com muita frequência confusão entre estes dois termos, que não são sinónimos.

Nudista é a pessoa que gosta de andar sem roupa, enquanto que naturista é alguém que, praticando nudismo ou não, procura uma vida em harmonia com a natureza, por cujos princípios nutre respeito, preocupa-se com a defesa do meio ambiente, hábitos saudáveis, numa palavra: uma vida "natural".

O nudismo é uma consequência óbvia desta postura. A roupa tem toda a legitimidade como enfeite (aliás com um estatuto quase cosmético derivado da moda e da vaidade) e tem toda a utilidade também como protecção contra o frio e as intempéries... mas é artificial, não nascemos com ela - nascemos, sim, com a pele que nos cobre, com a nossa nudez e a naturalidade normal do aspecto que temos.

Permitir ao corpo um contacto com a natureza de que fazemos parte é mais que natural, para além de benéfico para a saúde - e só quem já experimentou correr nu pelos campos ou mergulhar sem roupa sabe o fascínio e o prazer que isso proporciona.

Imagem que a humanidade enviou para o universo exterior com as missões Pioneer 10 e 11, em Março de 1972 e abril de 1973, para descrever os seres humanos que habitam este planeta.


PORTUGAL

Vivemos num país maravilhoso, com riquezas naturais bem preservadas, parques e reservas de grande beleza, 40% da área nacional é arborizada, 38% agrícola e só menos de 20% é ocupado pelo betão urbano da civilização.

1.793 quilómetros de litoral marítimo fazem deste jardim à beira-mar plantado isso mesmo: um jardim!

Temos centenas de praias, de todos os tipos que existem, desde extensões de areia branca a perder de vista, até recantos enquadrados em falésias e escarpas de uma beleza selvagem. A fauna e a flora são de uma variedade inesgotável, incluindo plantas tropicais e espécies únicas no mundo.

Vendemos turismo como fonte de riqueza, porque temos atracções que encantam pessoas de todos os cantos do planeta. O Algarve anuncia 326 dias de sol por ano. Temos o melhor clima da Europa.

Alguns dos nomes mais sonantes do empresariado turístico internacional aconselharam recentemente Portugal a investir no turismo de alta qualidade, conselho que está a ser seguido. Temos, pois, desde turismo de luxo ao mais agradável e rústico turismo rural.

Só existe um tipo de turismo que Portugal não tem, nem oferece: o naturista.

O PARAÍSO JUGUSLAVO

Aquele que era o paraíso naturista da Europa, a Jugoslávia, terminou abruptamente com uma guerra longa que fechou as portas do país às visitas lúdicas de estrangeiros.

Esse foi o primeiro comboio que perdemos, nós que temos talvez o país mais bonito do continente.

Para um mercado potencial de mais de dez milhões anuais de europeus que compram turismo naturista, não soubemos aproveitar o fim da Jugoslávia como destino de férias e criar uma oferta alternativa para esse espaço deixado vazio... mas a França soube, com Cape d'Agde primeiro e muitas iniciativas depois. A Espanha fez o mesmo: só na costa mediterrânica existem dezenas de estabelecimentos em que é virtualmente impossível conseguir alojamento nos meses de verão - estão sempre cheios! Até a Croácia já é de novo um destino privilegiado para os naturistas estrangeiros.

PROCURA: IMENSA

OFERTA: ZERO

Portugal continua na mesma. A expressão "dolce fare niente" devia ser lusa, não italiana...

Continuamos sem um único Hotel naturista, nem sequer um Clube de Saúde, um Spa ou uma Piscina... muito menos um aldeamento como milhares que existem pelo mundo fora, desde o Brasil ao Canadá, desde a Austrália à Europa - nunca nenhum fechou as portas por falta de negócio.

Assim, quando os portugueses querem passar férias num empreendimento naturista, mesmo os de parcos recursos que buscam férias baratas... vão para Espanha!

Para uma procura imensa, o nosso país continua a responder a este ramo de negócio com uma oferta zero.

LOGO AQUI AO LADO...

Para os portugueses que querem férias naturistas no conforto de um empreendimento turístico, esta é a solução mais próxima: chama-se "Costa Natura" e fica no litoral sul de Espanha, antes de Málaga.

É um aldeamento com piscina, sauna, jacuzzi, praia privativa, campos de jogos, restaurante e vários bares, espaços para crianças, supermercado, em apartamentos e pequenas vivendas por entre jardins de rara beleza.

Tudo isto a preços que competem com os nossos. Mas este é apenas um exemplo: na costa espanhola pululam aldeamentos, hotéis, praias e respostas para o turismo naturista que nos levam anos de vantagem.

NUM PAÍS DE CEGOS...

Não é preciso ter grande visão para ser rei num país de cegos... basta ter um olho, assim diz o ditado.

Em Portugal, até hoje, tornaram-se notados seis desses olhos, um por pessoa, três casais.

Do pouco que existe, entre campismo e turismo rural, a iniciativa é toda estrangeira.

QUINTA DAS OLIVEIRAS

Quem deu o pontapé de saída foram Jikke Wilschut e Siets Bijker, um casal holandês que quis construir um Parque de Campismo na aldeia de Andorinha, em Oliveira do Hospital e viu o projecto, apesar de recomendado pelo executivo camarário e pela Junta de Turismo local, ser reprovado na Assembleia Municipal.

Meses depois, porém, a população e os munícipes perceberam o que estavam a negar à região e mudaram de parecer.

Foi assim que nasceu a "Quinta das Oliveiras", em 2002. É um parque naturista de 3,5 hectares, junto à Serra da Estrela, a 350 metros de altitude, com piscina e serviços de apoio a campistas. Está aberto todo o ano.

QUINTA DA HORTA

David Fry sonhava dar a volta ao mundo. Para tanto, comprou um barco, preparou-o e zarpou do sul de Inglaterra, para os sete mares...

...chegou até Portimão... e apaixonou-se por Portugal.

Ainda cá vive, com a sua Frances e filhos que falam português como Camões.

Em Ferragudo, comprou uma propriedade de 3 hectares e chamou-lhe Quinta da Horta.

Artista e pintor, começou por ter ali sedeada uma Escola de Arte e montou depois um negócio de turismo rural.

A piscina viu muitos hóspedes e amigos tirarem a roupa para um banho relaxante e pouco depois já David anunciava que ali "a roupa era opcional"...

...expressão que depressa se estendeu a toda a quinta e transformou o lugar num recanto de turismo naturista, íntimo, acolhedor, de grande e cuidada beleza.

A Quinta tem hortas e pomares por entre pequenos apartamentos

e laguinhos com peixes e rãs, sauna, piscina aquecida, massagem, um self-catering aberto 24 horas por dia, flores por todos os lados e um ambiente familiar que quem lá esteve não esquecerá jamais.

Recentemente, David Fry criou uma nova aventura, aquilo a que chama uma "reserva natural naturista", 50 hectares de terreno selvagem com uma fauna luxuriante.

Para tentar os visitantes a explorar tudo, tem cavalos, aulas de equitação e passeios em "charrette", para além da observação de aves e de uma fauna pouco perturbada.

MONTE NATURISTA "O BARÃO"

Outro casal de holandeses, muito jovens, Jeff e Laura, perderam-se também de encantos por Portugal. Deixaram a vida que tinham na Holanda, mudaram-se para cá e trabalham há anos para montar um Parque de Campismo, já aberto desde 2005 no litoral alentejano, perto de Santiago do Cacém.

São 7 hectares de território virgem, onde pode acampar-se, alugar um bungalow ou uma caravana e ouvir o silêncio da noite sob milhares de estrelas.

As relações do parque com a autarquia de Santiago do Cacém são excelentes e os planos estão em frenético curso que vai prolongar-se Inverno adentro, com as estruturas a incluir uma piscina, uma sala de convívio, bar e esplanada, 32 alvéolos grandes, com sol, sombra e electricidade, tudo isto a meia hora de duas praias naturistas no litoral alentejano.

A clientela é maioritariamente portuguesa e holandesa.

Em contínuo desenvolvimento para vir a ser o maior camping naturista em Portugal, o Monte Barão vai crescendo com regularidade em serviços e comodidades, numa luta feita a pulso pelo casal... e a Laura já fala português tão bem como qualquer português.

A LEI

O Naturismo está regulamentado há 13 anos, pelo Decreto-Lei 29/94 que o define como "o conjunto das práticas de vida ao ar livre em que é utilizado o nudismo como forma de desenvolvimento da saúde física e mental dos cidadãos, através da sua plena integração na natureza" e prevê a criação de espaços destinados à prática do nudismo, que define como "praias, campos, piscinas e unidades hoteleiras e similares".

A criação desta lei deve-se ao esforço de Pedro Geraldes Cardoso, pioneiro do associativismo naturista em Portugal.

Precisa já, porém, de urgente revisão, em vários pontos que os tempos desadequaram, como por exemplo a previsão de apenas uma praia naturista por conselho, que difere gritantemente da realidade e dos hábitos em certas zonas do país.

AS PRAIAS... E AS PRAIAS

A oficialização de cinco praias como "naturistas" resume o esforço de iniciativa nacional feito até hoje no país. São a Bela Vista e o Meco no distrito de Setúbal, a Praia do Salto perto de Porto Covo, Adegas em Odeceixe, na costa ocidental algarvia e a Praia do Barril, na Ilha de Tavira, a mais setentrional das cinco.

Em julho, por iniciativa do Clube Naturista do Algarve, foi entregue um novo requerimento, para a Praia João d'Arens, na Câmara Municipal de Portimão.

Estes são os "espaços oficiais". Porém, há cerca de 70 outras praias em Portugal em que o nudismo é hábito. São as chamadas "praias toleradas".

Tanto o nosso povo como a lei, incluindo as próprias autoridades, são muito liberais e mostram grande tolerância relativamente a este fenómeno, pelo que é comum ver-se uma saudável convivência entre nudistas e "têxteis" - expressão que os naturistas utilizam para classificar quem não se desapega da roupa.

O DESPORTO

O Naturismo é consensualmente entendido como uma forma de desporto, dado que implica actividade física em contacto com a natureza. Não é competitivo, mas não tem que o ser.

Num documento da Universidade do Minho, datado de 2002, o Desporto é definido como "qualquer tipo de exercício humano, objectivando a recreação física, bem estar, qualidade de vida e saúde activa. É particularmente propício a estabelecer interligações com outros sectores de actividade, como o Lazer e a Recreação, a Cultura e a Educação, a Saúde e o Turismo." A própria Carta Europeia do Desporto não prevê a obrigatoriedade de competição. Esta caracterização define, indiscutivelmente, o naturismo como uma forma de desporto...

... e como tudo o mais que o desporto proporciona, o naturismo propõe alternativas a actividades socialmente menos desejáveis, ou menos naturais, principalmente úteis junto da juventude à procura de ocupação e entretenimento.

O ALGARVE

Destino turístico por excelência para férias ao ar livre, o Algarve está bem consciente do fenómeno naturista.

São as próprias autarquias que apoiam iniciativas e se mostram sensíveis à importância do turismo naturista.

Para isso tem contribuído uma incessante e bem organizada actividade de uma associação local, o Clube Naturista do Algarve (CNA), cujos dirigentes cedo perceberam que é no envolvimento do poder político e dos organismos que gerem a sociedade, como Juntas de Turismo, que está primeiro apoio útil a congregar para o movimento.

Álvaro Campos e Maria Paiva, que dirigem o Clube, explicaram à Perspectiva o percurso que têm vindo a trilhar e tem como última iniciativa o pedido de oficialização de mais uma praia naturista no Algarve.

Ficou visível, desse encontro, a importância que o CNA atribui à comunicação social, com quem mantém uma relação permanente, sendo objecto de um retorno na imprensa, na rádio e na televisão que é único em Portugal.

Como movimento associativo, o Clube tem conseguido uma notória visibilidade na promoção e dignificação do fenómeno naturista junto da sociedade.

Por isso mesmo, o CNA tem merecido o apoio de dirigentes políticos de todo o Algarve, que o consideram um interlocutor válido e prestam todo o apoio que os seus próprios meios permitem, como, a exemplo, confirmaram à Perspectiva os Presidentes das Câmaras de Lagos (Júlio Barroso), Vila do Bispo (Gilberto Viegas) e Aljezur (Manuel Marreiros), este com uma praia oficial no seu conselho, a Praia das Adegas, ou Odeceixe-Sul, a única no país com nadador salvador pago pela autarquia.

Júlio Barroso acha que o turismo naturista pode ter um grande futuro,

opinião secundada por Manuel Marreiros, que disse, aliás que veria com

Manuel Marreiros, Gilberto Viegas e Júlio Barroso

bons olhos o aparecimento de outros espaços, como parques de campismo, empreendimentos naturistas ou clubes de saúde.

Também Macário Correia, autarca na zona da praia oficial do Barril, Ilha de Tavira, se mostrou suficientemente sensível a este assunto para ter mandado equipar o espaço naturista com um conjunto de recipientes para recolha de lixo, regularmente assistidos pela autarquia.

O CNA é também um bom exemplo da consciência do naturismo como prática desportiva: organiza regularmente actividades de desporto não competitivo, como corridas de praia, caminhadas, etc.

Até, se olharmos para esta vertente desportiva por um outro ângulo de premente actualidade, recordamos uma determinação do Comité Olímpico Internacional, já velha de mais de meia dúzia de anos, de que toda a instituição desportiva deverá ter um mínimo de 10% de mulheres nos seus corpos directivos - o CNA tem 40%:

duas mulheres numa Direcção de cinco elementos... e este é um princípio que a sociedade cada vez respeita mais, em todos os sectores humanos de actividade... afinal já lá vai um século desde que as mulheres nem votar podiam!

O FUTURO

Existem mais de cinquenta mil portugueses assumidamente naturistas, mas não estão reunidos em torno de iniciativas que os unam e organizem, de uma forma expressiva, à semelhança do que sucede noutros países.

Exceptuando a iniciativa que levou à promulgação da Lei Naturista, o estado português não foi envolvido significativamente por nenhuma instância ligada ao movimento, no sentido de lhe dar a atenção que o resto da Europa entendeu já como valia nacional e social.

Também nisto estamos atrasados, como é lusa tradição.

O pouco esforço desenvolvido a favor do naturismo, em termos institucionais, resumiu-se às iniciativas que levaram à legalização de cinco praias.

Para avaliar o que isto significa basta lembrar que em Espanha são cerca de quatrocentas!

Fora do Algarve e das iniciativas de mediatização do CNA, ou são organizados pequenos encontros muito virados para grupos fechados em si próprios e sem qualquer esforço de divulgação para o exterior, ou os naturistas vivem o seu modo de vida por iniciativa própria, a nível familiar e sem grandes ambições de participação em estruturas mais abrangentes e populares.

O sector empresarial faz o mesmo - por muito que o turismo naturista, como negócio, floresça pela Europa, com a Espanha como um exemplo de grande significado, os investidores portugueses ainda não descobriram a mina...

A HISTÓRIA

Este artigo devia ter começado por aqui, mas de facto não faz sentido, porque o naturismo não tem história.

Com forma de estar, é eterno e remonta aos primórdios da espécie... naturalmente, como prática é ancestral e como movimento organizado tem menos de um século de existência.

Só se justifica falar de naturismo e nudismo, porém, não pela sua essência de princípios, mas pelo desvio que a sociedade introduziu à nossa convivência natural connosco próprios. São setecentos anos de obscurantismo derivado essencialmente de princípios pseudo-religiosos que introduziram na cultura humana o "pudor" do corpo.

Basta recordar que na idade média (e na literatura portuguesa) se chamavam "vergonhas" aos genitais... embora todos tenhamos nascido deles!

Mas nem a religião justifica o pudor: os antigos cristãos eram baptizados nus... e como soe dizer-se, "se Deus quisesse que andássemos nus, tinha-nos feito nascer sem roupa!"...

Na Grécia antiga os atletas competiam nus, os banhos romanos eram mistos e públicos... etc...

O mais curioso desta "evolução" social é que, ao contrário de milhares de normas, regras e leis, que obrigam à obtenção de licenças especiais para aquisição de bens ou práticas exteriores a nós, o naturismo introduziu na lei precisamente o contrário: não é preciso nenhuma licença para usar roupa, mas a lei limita e regulamenta o nosso direito "a não a usar"...

(será que algum dia chegaremos a uma sociedade em que seja preciso ter uma licença para NÃO possuir uma arma de fogo?...)

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