PÁGINA DE IMPRENSA DE PEDRO LARANJEIRA6 fevereiro 2014

ABRE O OLHO, PORTUGUÊS!

…é difícil, mas é possível !...  

É óbvio que o nacional-derrotismo é característico de qualquer povo que se tenha habituado ao longo de muitos anos "a ver como vive a outra metade"...

Torna-se difícil quebrar esta inércia, mas é imperativo perceber-se que é possível!

Em Portugal, é particularmente complicado, porque deixamos durante demasiado tempo que nos dissessem (leia-se "mentissem") o que era melhor para nós...

No tempo da outra senhora era a censura, para nos proteger dos malefícios da informação real... ...e uma informação paralela (leia-se "acção psico-social") a enaltecer a grandeza da pátria, etc etc...

Hoje, como a informação é globalizante e nenhum governo consegue com eficácia impedir de todo o acesso dos seus cidadãos a ela, os processos têm que ser mais sofisticados: aqui, cumpre puxar as orelhas a quem acusa de incompetência o governo! Pelo contrário, tem-se revelado extremamente competente e inventivo na criação de um senfim de manobras e estratégias para beneficiar aquela faixa do povo português que o povo português elegeu para isso: eles! Sim, porque o entendimento dos governos sobre representatividade acaba ao fechar das urnas - nós elegemo-los, mas foi para fazerem o que entendessem a partir daí!

Tem ficado desde sempre demonstrado que não há nenhuma obrigação de cumprir promessas: promete-se
que não vai haver aumento de impostos, e essa é desde logo a primeira das coisas esquecidas, e o IVA sobe,
e sobe… e sobe.

Ainda por cima, nenhuma daquelas mentes brilhantes percebeu em tempo útil que não estava a aumentar a receita fiscal mas sim a diminuir o poder de compra dos portugueses, como sempre ficou demonstrado pelas contas públicas.

Mas enfim, com exemplos como o do senhor George W. Bush de tão triste memória, que, vinculado pela assinatura do seu país ao Tratado de Kyoto, não teve qualquer pejo em anunciar publicamente que não honraria
o compromisso, face aos mais altos interesses do povo americano... (louvado seja o povo americano, que tem quem o ache mais importante que o resto da população mundial em bloco e tem uma cultura, e sistema de ensino, que o prepara durante os seus anos de escolaridade para ACREDITAR nisto, o que efetivamente acontece)...

Mas voltando a Portugal: este país de maravilhas, cujo modelo de democracia esqueceu que o respeito pela vontade das maiorias não justifica nem permite a violação de outras vontades, quando legítimas e não ilegais, entendeu logo de início como democrática esta pérola de actuação: dado que não podia impor a sua vontade por si mesmo, enquanto partido vencedor, porque não tinha maioria de lugares no Parlamento, fez um negócio/contrato com quem bem entendeu, no caso outro partido, o PP, que, de modo algum, havia sido mandatado pelos portugueses para governar! Se alguém tinha o legítimo direito de participar na gestão pública logo a seguir ao PSD, então seria o segundo partido mais votado, o PS, nunca um partido com uma percentagem de votos que não lhe apontavam a confiança do eleitorado para o exercício de mandato.

Isto não significa que eu entenda que o PS devesse governar, diria exatamente o mesmo se fosse o PS a ganhar e fizesse uma “aliança estratégica” com outro Partido que não, antes de mais, o segundo mais votado.

...e não venham dizer que isto é ingenuidade, por muito que o seja: é Honestidade!

Convenhamos que há sempre que desconfiar de um partido que quer "maioria", o que significa que pode fazer o que quer sem que lho impeçam, ao invés de ter que discutir as suas propostas até ao aperfeiçoamento possível, ao consenso possível!

Pessoalmente, julgava que o exercício do poder sem discussão era ditatorial, mas agora parece que pode ser “democrático” também!...

Os Governos, porém, ao contrário do que muitos pensam, têm dado provas de grande capacidade e inteligência: conseguem aumentar o preço dos combustíveis quando baixa o crude, oferecer o nosso país para negociar e decidir uma guerra que a maioria dos cidadãos não aprovava, baixar o custo das operações notariais mais caras aumentando o das mais baratas (claro que as mais caras representam 6% do total e as mais baratas são as que o cidadão comum precisa constantemente, aos milhares - 94% de todas - até por imposições legais que emanam, também, do próprio governo), mesmo quando a Constituição diz que determinado “saque” ao cidadão é ilegal, portanto um roubo, fazem-se novas “leis” para que deixe de ser “roubo” e passe a ser “contribuição”… enfim, há mais alíneas deste tipo de decisões governamentais, nestes últimos anos, que registos numa Lista Telefónica...

Que dizer, aliás, de um Estado que é o primeiro a dar o exemplo de maus princípios e ilegalidade: dívidas para além dos prazos, sua liquidação (quando e se) sem juros, etc...?

Que dizer de Governos incapazes de reduzir as suas próprias mordomias e que para as manter vão buscar as verbas que precisam aos desempregados, aos reformados, aos velhos?...

Custa pensar quantas vezes são os medicamentos que idosos doentes deixam de tomar que pagam reformas milionárias, prémios de gestão a empresários que produziram prejuízo, viagens de luxo para fazer o trabalho para que foram eleitos e entretanto se esqueceram qual é, reformas escandalosas, a lista da corrupção nacional é infindável e vergonhosa…

O povo português é uma espécie de companhia de seguros que não recebe o valor de qualquer apólice mas paga os maus negócios e as especulações falhadas de milionários que de seu não arriscam nada. Fico triste por ver como certa Comunicação Social alinha neste jogo, por mando ou voluntariamente, sendo não mais que “a voz do dono” ou o ópio das distrações…

Temos Futebol, Casa dos Segredos, telejornais a abrir com o menos importante para que o mais grave passe despercebido, primeiras páginas cada vez mais tabloides, alimentando o gosto a sangue de um povo frustrado, julgamentos fora dos Tribunais, agora habituados à “barra da praça pública”, quer por fuga de informação ao segredo de justiça, quer por especulação ou boato, temos as transferências milionárias dos donos da bola, o Euromilhões e a Pedofilia…

Quanto a esta, já toda a gente percebeu que não se tratou de pedofilia mesmo, mas essencialmente de uma calculada caça às bruxas! No entanto, gerou infindos julgamentos na praça pública, conversas intermináveis de café… e toda a gente se achava mais bem informada que a Judiciária!

É assim que se distrai os portugueses das amarguras que lhes inventam!

Lamentável é a responsabilidade de quem alimenta estas máquinas de drogar o provo…

É sempre com dificuldade e ao fim de muito tempo que o cidadão lá se vai apercebendo das nuances da prisão preventiva, da actualidade das escutas telefónicas, do fim do sigilo bancário, enfim, das novas realidades do nosso futuro já presente...

O que ninguém sabe é qual é a carga fiscal do combustível, a percentagem total de todas as transações que cai nos cofres dos governos que vivem disso, as negociatas secretas, as contas off-shore…

Uma coisa os portugueses deveriam traçar como meta: estar atentos, não às notícias do passado, mas às mentiras do presente, aos fingimentos, manobras e aldrabices que TODOS OS DIAS nos inundam os olhos e os ouvidos!

Porque os governos mentem! Mentem todos os governos e mentem sempre, aqui e em todo o mundo!

Estejamos atentos!

Não sejamos burros!

Bem basta o que sofremos por decreto-lei, bem basta o destino que nos chega via maioria-parlamentar, para ainda por cima nos comerem as papas na cabeça... e deixarmos!

Estejamos atentos!


Pedro Laranjeira


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