hoje os abutres voaram
com asas de oitenta nojos
poisaram
recolheram os despojos
queimaram sedas e gangas
coisa fúteis, vãs memórias,
enterraram, por inúteis
segredos de mil histórias
mas levaram bugigangas
como judas de traição
às ausências do passado...
ficam nuas as paredes
que encheram todo um caixão
de sofrimento escondido
de dor e de solidão,
de medos, fomes e sedes
e que agora está fechado
resolvido
terminado!
e só porque a morte traz
um esquecimento infinito
ela repousa na paz
com que um dia se morreu...
cada um vale o que faz
dos abutres fica o grito
e calado... fico eu!

© PEDRO LARANJEIRA